segunda-feira, 22 de julho de 2013

Bipolar

Quando recebi esse diagnóstico lembro que fiquei revoltada, eu bipolar? claro que não!
Só que depois quando cheguei em casa e parei para pensar em tudo que ela tinha me dito, meus sentimentos, os sintomas. Tudo fez sentido, senti uma dor tão grande, não conseguia parar de chorar, tudo isso parecia uma sentença de morte ou pior de uma vida cheia de sofrimento. Isso já tem uns 4 anos e ainda não consigo aceitar, as vezes acabo parando de tomar os remédios porque parece que preciso tentar me controlar sozinha, sinto essa necessidade tão forte que paro. Da ultima vez que parei fiquei dois meses sem os remédios e foi horrível. Dessa vez ficou tão claro a falta que eles estavam me fazendo, fiquei péssima, quase que fora de controle e com muita dor no coração e me sentindo frustrada, derrotada, condenada, voltei a tomar os medicamentos e agora estou "bem".
Pra mim os remédios servem para me manter viva, preciso deles para me controlar, para conseguir continuar suportando essa vida horrível. Agora esse temperamento 0 ou 80, essa instabilidade que se manifesta parece que em tudo que penso, falo, faço remédio nenhum vai mudar. Adoro ficar sozinha, odeio ficar sozinha, não consigo manter por muito tempo um relacionamento com uma pessoa, só tenho "amizades" superficiais do tipo que você é obrigado a conviver com a pessoa dai tenta fazer disso algo suportável, as vezes é legal. Tem horas que não suporto que me toquem outras tudo que queria era um abraço. Tudo na minha vida é uma contradição, o tempo todo, é muito difícil viver assim. E por fim tudo isso é horrível, difícil e ao mesmo tempo maravilhoso. Como entender? Quem entende?
 
 

5 comentários:

  1. Eu entendo. Passei e passo pelas mesmas coisas. Mas, quando recebi o diagnóstico meio que me senti aliviada, achando que era uma justificativa para tudo que não tinha dado certo na minha vida até aquele momento. E eu achava que com os remédios tudo ia se acertar, mas não. Os remédios não curam a vida, só nos estabilizam para facilitar as coisas. Para mim, ainda é uma sentença de morte... a cada dia nessa montanha russa eu morro um pouco e sinto menos vontade de continuar.

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    1. Não consigo aceitar que vai ser a sim até o fim da minha, que espero que seja curta, é muito difícil ter que todos os dias ficar tentando convencer a si mesmo que vale a pena continua, que uma hora vai melhorar quando sei que não vai! Odeio o fato de ter nascido. Não sei se vc já sentiu isso em algum momento, mas tenho sentido que estou perdendo, por exemplo, a minha capacidade de raciocínio, não é mais como antes, parece que esta diminuindo que estou ficando lerda, "burra". Isso tem me deixado apavorada.
      Obrigada pelas palavras
      bjos

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  2. Eu recebi o diagnóstico com 18 anos, nessa época até q foi um alívio. Mas eu já sabia q era bipolar desde os 15 anos. Na época, tive um surto em plena sala de aula, falando nada com nada. Imagina a situação, eu q era extremamente tímida... acabei mudando de escola e percebendo q eu tinha herdado a doença da minha mãe. Primeiro chorei feito uma condenada, depois veio a negação. Até minha crise aos 18, foi terrível. A única coisa que eu queria era tomar remédios pra nunca mais ter de passar por aquilo. Eu nunca deixei de tomar os remédios, pq sempre tive consciência de que não dependia de mim, que é meu cérebro q é descompensado e me faz ter emoções que não são minhas, são apenas hormônios.
    Tenho uma relação de "amor e ódio" com essa doença tb. Odeio as depressões que me fazem ficar paralisada no tempo, atrasam meu amadurecimento e não me deixam ser independente. Odeio ser arrastada para um buraco escuro e tenebroso ou um deserto sem sentimentos, quando não há razão externa nenhuma pra isso, mesmo q eu esteja muito feliz.
    Mas amo o que essa doença fez com o meu caráter e personalidade. Eu sou uma pessoa extremamente egocêntrica, desde criança sempre achei q só eu estava certa. O transtorno bipolar me fez mais sensível aos problemas dos outros, me fez perceber que nem sempre estou certa, me tirou aquele orgulho ridículo que tinha sobre mim mesma. Eu consigo entender a dor de outras pessoas e sei que conselhos não ajudam, somente um ombro amigo, ouvidos atentos e palavras de ânimo.

    Eu tb já fui de "gostar" das depressões. Não da tristeza de fato, mas pq eu me isolava no meu próprio mundo, me isentando de todas as responsabilidades. Era um meio de fugir da realidade. E ficar sem sentimento algum, se sentindo um robô, isso é outro tipo de depressão, sabia?! É mais leve, mas ainda está lá. Tb odeio essa fase. O bom de saber é que ela passa, tudo nessa vida passa. Continue com a medicação e fale com seu psiquiatra, que a medicação não está sendo suficiente.

    E eu te entendo, não é contradição, não é quem vc é. A doença faz parte da sua vida, afeta suas emoções, mas não te define. Eu só passei a me conhecer, saber quem sou eu de fato, quando passei quase dois anos sem depressão. Muitas coisas que eu me punia e achava q era da minha personalidade, na realidade não eram, faziam parte do transtorno bipolar. Como diz minha mãe, "a depressão faz de nós pessoas egocêntricas, só pensamos em nós mesmos, no que falta e no que os outros deveriam fazer por nós". Então, não se julgue. Vc é muito forte, pelo simples fato de que ainda luta para viver.

    abraços da Flor~*

    bipo-analisando.blogspot.com.br

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    1. Olá!
      Também sinto que ele e toda está dor me fez ficar mais sensível com a dor do outro, mas ainda sou muito egocêntrica. Descobri isso semana passada com minha psicóloga. Tudo parece q tem que girar em torno de mim se alguém que gosto da mais atenção para outra pessoa do que para mim isso já é motivo pra mim me sentir um lixo ir para casa chorar, me cortar, etc. e não consigo controlar isso.
      Muito obrigada pelas palavras!
      Pra mim é muito importante ter contato com pessoas que sabem pelo que eu passo, me entendem.
      bjos

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    2. Sabe, eu entendo, tb já fui mto assim de ter ciúmes das minhas amigas. Esse tipo de egocentrismo está profundamente ligado à baixa auto-estima. Vc sente que está perdendo a pessoa, que ela prefere outro mais do que vc.
      Tudo tem uma raiz, cada sentimento tem um porquê, o que faz ele vir à tona. E a depressão, como disse, nos faz inseguros e nos torna terrivelmente egocêntricos.
      Todo mundo tem um lado sombrio, mas ninguém gosta de falar a respeito. Isso não é desculpa, é só pra vc não ficar se culpando. Em vez disso, lute contra esse mal. Se a raiz de tudo isso seja a insegurança e baixa auto-estima, algo q ajuda mto é fazer uma lista com seus pontos positivos, suas qualidades, aquilo q já conquistou até hj, e entenda que todo mundo tem seu valor, quer os outros reconheçam ou não.


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